Arte em marfim.

A arte em marfim remonta à pré-historia. Em escavações é comum serem encontradas peças em antigos túmulos, junto dos restos mortais.

 

  

Acredita-se que quem ostentava peças em marfim pretendia transmitir algo mais do que o seu aspecto estético. Era uma afirmação sócio-cultural. Possuir uma presa de um animal era ostentar um troféu de caça que, simultaneamente, e consoante a dificuldade em obtê-lo, era uma prova de maior ou menor bravura ou coragem. Naturalmente as peças foram sendo trabalhadas e a mais antiga escultura intacta feita por um ser humano é em marfim e tem dezenas de milhares de anos. Essa peça é um pequeno mamute (imagem à direita) tem 4cm de altura, pesa 75g e foi encontrada na caverna de Vogeland, na Alemanha, tendo 35 000 anos. 

 

 

 

Outro bom exemplo é a Vénus de Lespuge que se encontra exposta no museu de história natural em Paris. É uma das peças mais célebres da arte em marfim. 

 

 

 

 

 

Mais tarde, na antiga Grécia, os escultores recobriam estátuas colossais com lâminas de ouro e marfim finamente cinzelado. Do período de Péricles, entre muitas outras, a grande referencia é com certeza a estátua criselefantina (ouro e marfim) de Zeus, construída entre os anos 435-430 a.C. 

 

No início da era cristã, a escultura em marfim foi praticada sobretudo no Egipto e na Síria. Mais tarde caiu no esquecimento mas renasceu com os bizantinos, a partir do século VI. O marfim bizantino teve múltiplos usos (decoração de móveis, dípticos, relicários, capas de evangelho, pequenos retábulos) e atingiu o apogeu entre os séculos IX e XI. Um bom exemplo é o "Tríptico de Harbaville" que se encontra no museu do Louvre. 

 

 

 Do século XI ao XIII as áreas de Colónia e do baixo Reno eram os grandes centros da escultura do marfim, nos ateliers de Metz e de Liège. A inspiração clássica predomina na concepção geral e nas figuras, com influências orientais na decoração. O Relicário de Bamberg (século XII, Munique) inspira-se num sarcófago cristão e representa os apóstolos sobre um pórtico, com os signos do zodíaco nos tímpanos.

 

Em Espanha, artistas mouros gravaram em marfins cristãos assuntos profanos como figuras nuas e lutas de animais, como forma de censura à religião.

 A produção de marfins de estilo gótico floresceu no século XV, sobretudo em França. Foram trabalhadas peças notáveis, tanto religiosas (delicadas representações da Virgem) como profanas (relevos sobre pentes, espelhos e porta jóias). Representavam-se nesses objectos lendas como "O Cavaleiro do Cisne", "Percival", etc. O marfim italiano produziu obras primas como a imagem à direita mostra, é a "Virgem e o menino", de Giovanni Pisano, da catedral de Pisa.

 

Nos séculos XVII e XVIII, a arte em marfim refloresceu sobretudo na Alemanha e em Flandres. As composições de Adam Lenckart revelam influência de Rubens. Artistas importantes também foram Leonard Baur e David Lemarchand, que esculpiu medalhões e estátuas. Giovanni di Bologna e Bernini inspiraram esculturas de maior qualidade técnica do que artística, o que marcou o início de uma produção mais artesanal.

Em diferentes regiões e períodos históricos, o marfim foi um dos materiais mais empregados na arte. Para além dos nomes aqui mencionados, o marfim foi, e ainda é, trabalhado por culturas tão diferentes como a açoriana, a portuguesa, a indo-portuguesa, a sino-portuguesa, a chinesa, a indiana, a japonesa, a africana e a brasileira.

 

 

  

  

  

  

  

 
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